Texto: Karina Fascina
Imagens: Henrique Queiroga e Jomar Bragança
Usado primeiramente na engenharia, o retrofit já ganhou espaço na arquitetura e na decoração. Ao pé da letra, a palavra significa ‘modernizar’ e ‘reformar’ e tem como principal objetivo revitalizar objetos, construções e móveis sem deixar que suas características se percam no processo, ou seja, sem tirar a sua “essência”.
Na arquitetura, é mais comum ver a técnica ser utilizada em móveis, porém os lustres e abajures “entraram na onda” e permitem aquele toque especial aos ambientes, deixando-os mais ricos, interessantes e repletos de detalhes e memórias.
A designer de interiores Fabiana Visacro trabalha com esse estilo de customização e recebe diversos pedidos de clientes que desejam manter a história da família viva através da reforma do objeto. “Quando a peça está na família há muito tempo e tem valor sentimental vale a pena executar o retrofit”, conta.
Apesar de toda a intimidade com o objeto, Fabiana alerta que nem sempre os lustres e abajures podem passar pelo processo de retrofit: “Se a parte elétrica não estiver em perfeito estado, o risco de se criar um problema ainda maior é bem grande, como um curto, por exemplo. Nesse caso, não indico fazer essa técnica”. Além disso, outros itens devem ser evitados como peças de acrílico, alumínio e vidro, que não tem suporte necessário para tal mudança.
Já a arquiteta Isabela Canaan reforça que a prática tem dois outros fatores muito importantes e que mexem com o bolso e o ambiente. “O retrofit é uma boa alternativa porque é uma solução sustentável. ‘Retrofitar’ uma peça que talvez fosse para o lixo, gerando mais poluição, é uma maneira de contribuir para a manutenção do meio ambiente. Outra vantagem dessa técnica é o custo. O retrofit de uma peça custa em média cinco vezes menos do que o valor de uma nova e o resultado fica tão bom quanto”.
O mais interessante da técnica retrofit é que possibilita diversas formas inteligentes e criativas para reaproveitar materiais e soltar a criatividade na criação de peças únicas. Foi justamente isso que Isabela fez em um de seus projetos: “Um cliente tinha pés de abajures de prata lindos, mas bem desgastados e não sabia o que fazer com eles. Ele não queria perdê-los, pois eram presentes da mãe. Então, dei um banho de prata e comprei novas cúpulas. Hoje, os abajures integram a sala de estar do cliente com muito bom gosto e contam sua história”, relata a arquiteta.