ADOÇANTES: MOCINHOS OU BANDIDOS?

Texto: Gabi Monteiro
Fotos: Divulgação

iStock_000074420265_FullO açúcar, como diz um antigo ditado, é “vida”… Mas, nos últimos anos, muita gente trocou as colheres e saquinhos da famosa substância pelos adoçantes, que combinam melhor com essa era de atenção redobrada à silhueta. Apesar da popularidade de tais produtos, porém, as opiniões se dividem com frequência – há quem os defenda incondicionalmente e quem mantenha um pé atrás quanto às suas propriedades, afirmando que eles não entregam “apenas” benefícios. Afinal: quem está com a razão? Os adoçantes devem ou não marcar presença em nossas mesas? E em caso afirmativo: em que quantidade?

Para início de conversa, vamos entender as diferenças entre os alimentos que encontramos nos mercados e que são formulados com adoçantes. Eles se dividem em três frentes – “Diet”, “Light” e “Zero” – e têm características distintas. “O termos ‘Diet’ se refere a alimentos que restringem um ou mais componentes do produto que está destinado ao fim especial – por exemplo, açúcar e sódio”, diz a nutricionista da Lowçucar, Laís Nakashima. “Já os ‘Light’ são alimentos que restringem parcialmente o componente que está destinado ao fim especial. A restrição inicial é de 25% do total aplicado. Para um produto ser considerado ‘Light’, deve ser comparado a um produto similar tradicional. E, por fim, temos os ‘Zero’, termo autoexplicativo e utilizado para deixar claro qual componente foi retirado do alimento (por exemplo: ‘zero açúcar’, ‘zero calorias’ etc.).”Glass of cola on top of sugar cube pile.

Ainda segundo Laís, ao adquirir um produto “Diet”, “Light” ou “Zero”, é importante observar qual componente foi retirado parcial (“Light”) ou totalmente (“Diet”). Já no caso dos produtos “Zero”, tal informação pode ser encontrada no rótulo (“zero açúcares”, “zero gorduras” etc.).

Naturais ou artificiais

Em sua versão “natural”, o adoçante é uma substância de valor energético baixo (senão inexistente), que proporciona aquele “gostinho” adocicado ao alimento. Certas plantas ou processos biotecnológicos dão origem aos adoçantes naturais, enquanto os artificiais são obtidos por meio de processos industriais específicos. Os adoçantes são boas opções para os diabéticos, pois asseguram o sabor doce sem elevarem os níveis de glicemia do sangue. Obviamente também são os melhores companheiros de quem faz dieta, por seu baixo (ou inexistente) valor calórico.

Ingredients“Os adoçantes dietéticos são constituídos basicamente por edulcorantes (substâncias que adoçam) e agentes de corpo”, diz a nutricionista Laís. “Já os agentes de corpo, também chamados de ‘veículos’, são compostos utilizados com a finalidade de diluir os edulcorantes, dando volume ao produto. A maioria dos adoçantes é estável a altas temperaturas, o que significa que a molécula não se modifica ou perde o dulçor nessas condições. Só o Aspartame não pode ir ao fogo, situação em que perde sua doçura. Portanto, a recomendação é não utilizar adoçantes à base de Aspartame nas preparações culinárias submetidas a altas temperaturas.”

A exemplo de qualquer outro item encontrado à mesa, os adoçantes devem ser consumidos com bom-senso – o que significa evitar a “superdosagem”. Ainda segundo Laís, há um índice de Ingestão Diária Aceitável (IDA) no tocante ao consumo dessas substâncias em alimentos ou bebidas (ver quadro). “O índice é determinado com base no peso corpóreo e determina a quantidade de edulcorante que pode ser ingerida diariamente por toda a vida, sem riscos à saúde”, diz a nutricionista. Dessa forma, é estabelecido em unidades de miligrama por quilo de peso corpóreo (mg/kg)”.

Conclusão 

Observados esses tópicos, portanto, os adoçantes não são prejudiciais à saúde. E mais: estão sob a constante vigilância dos especialistas. “Os edulcorantes são os aditivos alimentares mais estudados em todo o mundo”, conclui a nutricionista Laís. “Esses estudos são avaliados pelo Comitê Conjunto de Peritos em Aditivos Alimentares da FAO/OMS (JECFA), órgão máximo que afere a segurança e que estabelece o índice de Ingestão Diária Aceitável (IDA). A legislação brasileira se baseia em tal avaliação para liberar o uso dos aditivos e seus respectivos limites de aplicação nos alimentos em nosso país.”

Tipos de adoçantes e suas diferenças

Produto Ingestão Diária Aceitável (IDA) Dulçor Calorias Natural

Artificial

Sacarina 5 mg/ kg 500 0 Artificial
Ciclamato 11 mg/ kg 40 0 Artificial
Aspartame 40 mg/ kg 200 4 Artificial
Stevia 5,5 mg/ kg 300 0 Natural
Acessulfame-K 15 mg/ kg 200 0 Artificial
Sucralose 15 mg/ kg 600 0 Artificial

 

OBS: “Dulçor” significa quantas vezes o produto adoça mais que o açúcar. Por exemplo: Os adoçantes à base de Sacarina adoçam 500 vezes mais que o açúcar. Já os adoçantes à base de Stévia adoçam 300 vezes mais que o açúcar.

 

IDA (Ingestão Diária Aceitável)

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Fonte: Cartilha Adoçantes / Abiad

OBS: cada edulcorante possui IDA definida. No entanto, como os adoçantes são substâncias muito doces, o consumo acaba sendo baixo. Consequentemente é muito difícil atingir a IDA recomendada pela Anvisa.

 

 

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