Criado em 1986, tem como objetivo reforçar as ações de sensibilização e mobilização da população contra os danos sociais, políticos, econômicos e ambientais causados pelo tabaco
Fotos Shutterstock.com (por Pedro Bento, Gorynvd e puhhha)
O tabagismo é considerado uma doença crônica causada pela dependência à nicotina presente nos produtos derivados do tabaco. É a maior causa evitável de doença e morte no mundo de acordo com a OMS. Anualmente, morrem mais de 8 milhões de pessoas, sendo que mais de 7 milhões dos óbitos são atribuíveis ao tabagismo ativo e 1,2 milhão ao tabagismo passivo. No Brasil, são estimadas cerca de 156 mil mortes anuais (428 mortes por dia) devido ao tabagismo.
Os produtos do tabaco são consumidos de diversas formas (fumados, inalados, aspirados, mascados ou absorvidos pela mucosa oral). No país, predomina o uso do tabaco fumado. Os produtos derivados da combustão do tabaco contêm aproximadamente 7 mil substâncias tóxicas, que são responsáveis direta ou indiretamente por cerca de 55 doenças. Entre estas, as doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) como: cardiovasculares, cerebrovasculares, respiratórias crônicas, câncer e diabetes são responsáveis por sete entre cada dez mortes prematuras no mundo.
Espaços poluídos
A exposição de adultos não fumantes à poluição do ambiente causada pela fumaça ou vapor do tabaco (tabagismo passivo) aumenta as chances de apresentarem as mesmas doenças dos fumantes. As crianças têm maior risco de infecções respiratórias, otites de repetição, asma brônquica, perda da função pulmonar e morte nos primeiros anos de vida, além de câncer de pulmão e doença pulmonar obstrutiva crônica na vida adulta.
As gestantes que fumam têm risco aumentado de complicações da gravidez (abortos, partos prematuros, descolamento prematuro da placenta) e de danos para o bebê, como baixo peso ao nascimento, morte súbita infantil, comprometimento da inteligência e do comportamento e dificuldade de aprendizagem escolar. Fumar durante décadas pode reduzir a expectativa de vida em 10 a 12 anos, em relação a quem nunca fumou.
Tabagismo e Covid-19
Desde o início da pandemia causada pelo SARS-CoV-2, diversos estudos demonstram que fumantes de qualquer produto derivado do tabaco têm risco duas a três vezes maior de desenvolver a Covid-19 em suas formas mais graves, que podem culminar com a morte. Os fatores responsáveis para isto são listados a seguir:
▪ os fumantes podem apresentar redução da capacidade pulmonar e doenças crônicas já instaladas, como as pulmonares, cardiovasculares, o diabetes e o câncer, todas essas relacionadas ao tabagismo e também fatores de risco para a Covid-19;
▪ aumento do risco de infecções provocadas por bactérias, vírus e fungos, em consequência de alterações da estrutura do sistema respiratório, reduzindo a sua resposta local de defesa, da inflamação, da elevação da enzima conversora de angiotensina 2 (ECA2) – que se comporta como receptor do novo coronavírus – e da redução da resposta das células que compõem o sistema imunológico do organismo (resposta imune);
▪ baixa oxigenação dos tecidos, alterações dos vasos sanguíneos e um estado de hipercoagulação, fatores que predispõem à trombose, a qual pode ocorrer também na COVID-19;
▪ aumento da transmissão do novo coronavírus, através dos movimentos repetidos mão-boca do ato de fumar, sem a adequada higienização das mãos e com cigarros contaminados, bem como através da eliminação de aerossóis no ambiente, o que ocorre com os cigarros eletrônicos, cigarros de tabaco aquecido e narguilés.
Nestes últimos, há também aumento do risco de transmissão da doença pelo compartilhamento de piteiras e mangueiras, a preparação e limpeza inadequadas do dispositivo e seus acessórios, a tosse frequente dos usuários durante o uso, a umidade da fumaça do tabaco e o recipiente com água fria do narguilé, fatores que possibilitam a sobrevivência de microrganismos dentro das mangueiras. Além disso, geralmente o uso do narguilé é realizado em grupos, o que promove aglomeração, que sabidamente aumenta o risco de transmissão do novo coronavírus;
Fumar pode reduzir a eficácia das vacinas para COVID-19.
Parar de fumar requer decisão, determinação e apoio médico com uso de medicamentos, que tem a finalidade de reduzir os sintomas da síndrome de abstinência da nicotina. A fissura dura menos de cinco minutos e os sintomas da falta da nicotina (abstinência) reduzem acentuadamente após três ou quatro semanas sem fumar. Para vencer essa etapa da dependência da nicotina, é necessário mudar as rotinas e fugir dos gatilhos que dão vontade fumar. Os benefícios se iniciam logo após o último cigarro e se prolongam por toda a vida.