NOVOST TEMPOS, NOVAS FAMÍLIAS

Nova configuração familiar, que se contrapõe ao básico pai-mãe-filho, é oportunidade para sociabilizar com o mundo

É cada vez mais comum a percepção de que a família tradicional (pai, mãe e filhos) saiu de cena. Alguns ambientes familiares parecem até uma “Torre de Babel”. Entra a madrasta, o meio-irmão, o primo… e todos dividem o mesmo teto. Hoje, a família se abriu. E vejo essa abertura por um lado muito positivo. É uma forma de dizermos: “pertencemos todos a uma família chamada humanidade”. Essa miscelânea familiar é similar à questão dos avós.

Agora, não são apenas os meus filhos: eu tenho que lidar com os dos outros. Comparo com a questão da avó, que sempre existiu: o meu neto não é só meu neto, ele é neto de outra avó, também. E ela tem que dividir o que chama de “meu neto” com outros avós. E hoje temos que dividir os nossos filhos com outros pais. Dessa forma mais abrangente, configura-se o novo ambiente familiar. É uma maneira de abrirmos o coração. Somos todos seres humanos e esse é o caminho para aprender a amar a pessoa, independentemente de quem ela seja.

Esta pode ser uma excelente preparação para uma criança encarar um mundo no qual há tantas pessoas diferentes. O exercício da sociabilização, que deve ocorrer sempre na família, está muito mais intenso. Uma das funções familiares é preparar o filho para se tornar um ser social. Tudo isso é uma preparação. Embora, às vezes, essa preparação para a criança vem de uma forma e família que não têm bases muito sedimentadas. Em muitos casos os adultos têm pouca estrutura psíquica e maturidade para abarcar essa nova configuração familiar. E aí surgem os problemas. Mas, havendo essa maturidade, tal configuração da família é uma abertura para o amor universal, sem distinção.

 

ESTRUTURA FAMILIAR

Dentre as novas relações familiares, uma das mais complicadas é a dos filhos com os cônjuges dos pais. Ela tem mais de dois lados e tudo vai depender da idade do filho. Existe uma tendência natural do ‘queria ver meus pais juntos’ e ‘essa mulher que não está deixando isso acontecer’, mesmo que seja uma relação que venha depois. E, se por acaso, essa pessoa é responsável pela separação dos pais, os filhos quase nunca aceitarão.

Mas, mesmo para aqueles que acham maravilhoso os pais estarem com outros amores, a convivência é algo estranha. Porque se quebra o ciclo de confiança de uma família: pai, mãe e você. Para criar boas relações, é imperativo ter maturidade. Padrasto não é pai e madrasta não é mãe. Eles têm que ser amigos dos filhos do marido ou da esposa. Sem invadir e dar lição de moral. Dessa forma se conquista uma criança pelo afeto. Resumindo: eles devem ser os “tios legais”.

Cabe à terceira pessoa entender esse quadro, e ao pai ou a mãe, impô-lo. Estabelecer limites e cobrar respeito sem ter medo de perder o afeto. Se houver esse limite (e acima de tudo, maturidade), a convivência se tornará muito melhor.

 

 

 

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *