MITOS SOBRE ENVELHECIMENTO

Seis expressões comuns para sabermos o que é mito e o que é verdade

Por: Letícia Ferreira      Foto: Shutterstock.com

Existem pessoas que têm medo de envelhecer ou não sabem como tratar este fator natural que acontece com todos nós. Isso pode se dar por diversos fatores, dentre eles, por conta das coisas que nós ouvimos, mas até onde isso é verdade?

Perto do dia dos avós, 26 de julho, trouxemos seis mitos sobre envelhecimento junto com a especialista no assunto, Eva Bettine, que é gerontóloga (médica que estuda os processos de envelhecimento) da Universidade de São Paulo (USP) e consultora do Método SUPERA Ginástica para o Cérebro para que você consiga diferenciar o que é realmente verdade e saber como lidar com isso.

1 – A velhice começa aos 60 anos

Na gerontologia, se acredita que nós começamos a envelhecer a partir do momento da concepção. “Senão aconteceria assim: você dorme aos 59, novinho em folha, faz 60 anos e acorda velho. Isso não é verdade, tudo se trata de um processo”, explica Eva.

A idade depende de diversos fatores, afinal, nem todas as pessoas de 60 anos são iguais umas às outras, certo?

2 – Velhice = doenças

Doenças não são determinadas através de idade, e sim, dos cuidados que temos. Se você tem mais de 60 anos e toma os remédios controladamente, tem uma alimentação boa e pratica exercícios, você possui qualidade de vida, e se torna alguém saudável.

Segundo a especialista, para evitar o aparecimento de sintomas das doenças neurodegenerativas do cérebro, como o Alzheimer, é muito importante manter a mente ativa ao longo da vida praticando exercícios para o cérebro. Eles ajudam a fortalecer as ligações entre os neurônios, criando uma reserva cognitiva.

3 – A pessoa idosa volta a ser criança

É comum que algumas pessoas mais velhas precisem de ajuda para se locomover, se alimentar e realizar algumas atividades diárias, mas isso não nos autoriza a afirmar que se trata-se de crianças. Termos no diminutivo como “vovozinha, queridinha, fragilzinho, idosinho” podem representar uma fala carinhosa (tudo depende da intenção do locutor), mas muitas vezes denotam um grande preconceito em função da idade.

A especialista conta que já presenciou pessoas apertando bochechas de idosos como se fossem crianças, acompanhadas de falas como “senta aqui nessa cadeirinha”. Em uma situação como essa, a pessoa mais velha se sente diminuída assim como o termo que está sendo usado. Então é melhor evitar.

4 – A velhice é a melhor idade

Na gerontologia, acredita-se que a melhor idade pode ser qualquer uma da vida em que estejamos nos sentindo muito bem. Ao afirmarmos que “a velhice é a melhor idade” para um idoso com problemas como dificuldade para ouvir, enxergar ou andar, podemos ofender.

Este mito ainda enfraquece o que a sociedade precisa entender sobre a idade mais avançada. Pensamentos do tipo “que ótimo, já que estão na melhor idade, não precisamos fazer nada” precisam ser extintos.

5 – Toda pessoa mais velha tem problema de memória

Ao reproduzir este mito, nós diminuímos a capacidade da pessoa idosa e ela, ao acreditar, se sente incapaz também. Segundo Eva, hoje existem evidências científicas de que nós aprendemos até o fim da vida. Logo, a velhice “não é desculpa” para afirmar que não se aprende mais. Atividades como aprender um novo idioma ou praticar exercícios para o cérebro são as melhores formas de manter a cognição preservada.

6 – Velhice = sabedoria

Segundo Eva, pessoas sábias são aquelas que acumularam sabedoria, compreenderam fatos sobre a vida e conseguem passar isso adiante como ensinamento sem diminuir ninguém. E nós não podemos afirmar que uma pessoa se tornou mais sábia ao longo do tempo porque tudo depende do curso de vida – quanto ela se dedicou a aprender, ajudou e conheceu pessoas… Ou seja: é importante não generalizar. Ainda que seja um mito “positivo”, a idade não pode ser vista cegamente como um sinônimo para sabedoria

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